segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A crise dos 80

Após verificar o gabarito de mais uma prova de concurso público, verifico minha média: 83. É uma sina: primeiro concurso, 86; segundo, 83; terceiro, 87; quinto, 84; sexto, 87; oitavo e atual, 83. Está certo, eu poderia ter me esforçado mais (lembro aquela música Epitáfio: devia ter estudado mais, me esforçado mais, até o sol nascer...). Mas a questão aqui é outra.

No primeiro concurso e no quinto, tirei a segunda melhor nota. No segundo, terceiro e sexto, a melhor média... Nos dois últimos, sequer figurei entre os dez melhores. O que mudou? A concorrência! Se antes a maioria das pessoas tinha suas médias entre 50 e 60, essas médias vêm crescendo graças ao esforço pessoal, ao crescimento da qualidade na educação e, principalmente, ao acesso à Internet, que faz com que se consiga encontrar leis, livros, apostilas e tudo o mais em poucos minutos, sem sair de casa e, em muitos casos, de graça!

Já cheguei a uma conclusão, vou ter que passar para o time dos 90, se quiser ter chance de ver meu nome em primeiro lugar. Aliás, já há concursos que são decididos através de sorteio, porque várias pessoas alcançam a nota máxima (aqui chamamos de “gabaritar”). Isso requer uma mudança de atitude, estudo diário, esforço, disciplina.

Ao tomar essa decisão, penso naqueles estudantes que comemoram ao tirar um 50 ou 60 (a média, dependendo da escola) no boletim, numa sensação de alívio, como alguém que foi para a forca e, na hora H, o nó se desfez. Que chance há, em nossos dias, para quem fica restrito aos 50, 60%?

Creio que há a necessidade de revisão urgente neste paradigma, em que pais e estudantes correm ao boletim somente para ver se “escapou dos vermelhos”. É preciso um novo paradigma, o da qualidade em educação. Uma educação que busque a autonomia, o progresso individual e social e a retomada dos bons valores, não apenas no planejamento, mas na prática. Não apenas na ponta da língua, mas na consciência de professores, gestores, pais e estudantes.

Se todos formos assim, talvez não sejam mais necessários concursos públicos... Pessoas empreendedoras tendem a seguir seus próprios rumos. Quanto a mim, continuo aqui, remoendo minha crise, mas dando um passo largo em busca de um novo paradigma: os 90%!

Um comentário:

Prof. Pedro Rangel disse...

Sei que alguns vão ficar na dúvida, então já respondo antes de perguntarem. Neste último concurso, tirei 83 e fiquei em 63º lugar, empatado com mais 5 pessoas!!!!!