quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Politica, politicagem ou "apolítica"

Tenho ouvido muitas idéias a respeito de política. Alguns de meus interlocutores são radicais em suas idéias, defendendo-as contra todos os fatos e argumentos. Outros conseguem perceber pontos de vista diferentes e produzem crescimento a partir disso. Eu, na maioria das vezes, me contento em questionar. Também tenho minhas idéias.

Bom, vamos lá. Tenho identificado, basicamente, três visões a respeito de política: os que dizem que não gostam dela (se denominam apolíticos, como se isso fosse possível), aqueles que acreditam que a política é algo bom, que pode auxiliar no desenvolvimento da sociedade e ainda aqueles que entendem a política como algo sujo, desprezível, que só serve para que alguns aproveitadores obtenham lucro.

Acredito que é impossível ser apolítico, porque cada decisão nossa é uma decisão política. Até mesmo abster-se é uma decisão política, que equivale a concordar com o que está acontecendo.
Dizer que política é assim mesmo, considerando que não há solução, que não há pessoas honestas, honradas que sirvam como alternativa, é um pessimismo que também leva à estagnação e à manutenção de situações errôneas e a garantia de que pessoas corruptas ou incompetentes poderão perpetuar-se no poder por apatia de um eleitorado conformista. É confundir política com politicagem. É não se preocupar, a fundo, com os destinos de um povo, por puro comodismo.

Há ainda uma terceira alternativa. São as pessoas que acreditam na democracia dentro da verdadeira acepção da palavra. São as pessoas que não se deixam levar por discursos superficiais, cheios de malícia ou de “coitadismos”, discursos estes cuja intenção é pura e simplesmente confundir e enlevar a massa inconsciente, que chora e ri, e garante, com sua falta de consciência política, o emprego de uns poucos, baseados em promessas de mudanças que nunca acontecem.

As pessoas que acreditam na política em seu sentido mais nobre podem até errar em suas escolhas, mas aprendem com seus erros, e procuram sempre cobrar postura ética e responsável dos governantes.
Se analisarmos a fundo, existem duas condições: conformismo ou inconformismo. Aceitação acrítica ou eterno questionamento. Busca de uma política baseada na ética e na moral, ou busca de uma politicagem de novos ou velhos donos. Cada pessoa, no seu dia-a-dia faz essa escolha. Não só nas eleições, mas a cada momento de suas vidas, em cada ação do cotidiano. De que lado você fica?

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro e ilustre xará, fiquei verdadeiramente envaidecido com seus elogios à Soppa. Palavras de incentivo, vindas de um professor, só me instigam a continuar. Por outro lado, permita-me discordar do juízo modesto que faz de si; se, como especula o amigo, escrever é um dom, somos xarás muitas vezes!
De resto, inclua-me no time dos pessimistas, pois penso que, na maioria das vezes, política e ética parecem ser antônimos irreconciliaveis.
Grande abraço!

Prof. Pedro Rangel disse...

Caro Pedro Paulo Rangel, está bem, tenho que confessar, minha modéstia é falsa, hehehehe. Mas, cá entre nós, penso que "cai bem" escrever assim.
Fernando Pessoa escreveu vários poemas nos quais afirma que gostaria de ser inocente (como a pastora, por exemplo) para não sofrer com as questões existenciais. Eu tenho tentado não ser pessimista, mas é dificílimo não o ser! A cada dia novas surpresas nos dão muitas e muitas razões para desistir. Ainda tenho algo de idealista (não sei se é bom ou ruim) e algo de inocente (creio eu). Continuo tentando. Quem sabe um dia eu acerto!
Os elogios à Soppa, os redobro agora!
Grande abraço, meu xará!