domingo, 19 de outubro de 2008

O real e o fictício


Tenho procurado me manter atualizado em termos de Internet (e olha que estou longe de conseguí-lo!), mas hoje tive uma prova de que há muito que pensar a esse respeito.
Após construir meu avatar no aplicativo BuddyPoke!, no Orkut, enviar e receber alguns abraços, pulos e acenos, recebo esse comentário através do MSN: “Karacas, vc é bem parecido com seu buddy!!!!!” (Traduzindo: Puxa, você é muito parecido com seu avatar!).


Isso foi um golpe na minha auto-estima! Eu estava pronto para receber um elogio, algo do tipo: “Parabéns, você construiu um avatar muito parecido consigo mesmo!”, mas me vejo reduzido a um ser semelhante ao meu personagem!


Essa inversão do que é real e do que é fictício me preocupa. Até que ponto o que se passa na Internet pode ser considerado real? Até que ponto é fictício? E, principalmente, as pessoas estarão prontas para distinguir o real e o imaginário num mundo virtual?


Acredito que sejam questões abertas, não para serem respondidas, mas para serem discutidas. Tenho percebido que, para muitas pessoas, a Internet é uma outra dimensão, onde nos tornamos pessoas diferentes, como num sonho, onde podemos ser o que quisermos. Talvez por isso aplicativos e jogos que permitem construir personagens virtuais e vidas paralelas façam tanto sucesso. O que me preocupa é o que acontece na vida real enquanto estamos “conectados”.


Quantos jovens acumulam milhões em suas vidas virtuais, construindo casas, criando famílias, obtendo sucesso, enquanto continuam sentados em frente a um computador, descuidando de suas vidas reais? Até que ponto o tempo utilizado na Internet tem sido produtivo?


Não considero que o uso da Internet seja um retrocesso nas vidas das pessoas... o rádio, a televisão, a fotografia, o telefone e tantas outras formas de comunicação também foram vistas com preocupação em algum momento de sua existência. A questão é a orientação que nossas crianças e jovens estão tendo para fazer um uso consciente dos recursos que têm à sua disposição.


Todo processo comunicativo é bem-vindo desde que orientado para um uso consciente e crítico. Eis nossa responsabilidade como pais e professores: tentar manter-nos atualizados e, ao mesmo tempo, orientar as gerações para um uso mais consciente da comunicação. Enquanto isso, fico aqui, competindo em originalidade com meu próprio avatar.

Nenhum comentário: