quinta-feira, 4 de junho de 2015

Solidão

Assisti a um vídeo interessante, em que o narrador afirma que encontramos a felicidade dentro de nós mesmos e não nas outras pessoas...
Os outros não são culpados por nossas tristezas e solidões, até aí concordo....
Mas não somos ilhas autossuficientes... Estamos mais para navios que navegam ora sozinhos, ora em esquadra.
Mesmo em esquadra, é preciso um porto seguro às vezes, para fazer manutenção e reabastecimento
É possível navegar sozinho uma vida inteira, desde que se tenha um porto seguro. Mas, de outra forma, a solidão corrói o casco, o combustível vai terminando aos poucos e o navio fica a deriva até afundar lentamente
Não há nada mais triste do que ver um navio abandonado afundando lentamente com o passar dos anos...
O cara do vídeo provavelmente terminou o trabalho e foi comemorar... Ninguém é tão autossuficiente a ponto de comemorar sozinho... Ninguém abraça sozinho... Ninguém é consolado sozinho... Ninguém conta uma piada, faz uma festa, torna a casa aconchegante... Sozinho...
Não conheço ninguém livre o suficiente para ir a Gramado sozinho no dia dos namorados.... Nem para ir num jantar romântico desacompanhado... Não conheço alguém que faça uma festa de aniversário sozinho...
Mas conheço muitas pessoas... Crianças até, que resistem à solidão...
E, às vezes, a única forma de se proteger do mundo, a última alternativa antes de afundar, é atacar outros navios e aproveitar os despojos de guerra... O ódio, a agressividade, a violência são gritos de solidão. São pedidos de socorro mal compreendidos...
Enquanto olhamos com desaprovação ou desviamos nosso olhar, do conforto de nossos portos seguros, navios afundam... Uns silenciosos, depressivos, outros violentos e explosivos... E a única coisa que nos permitimos fazer é rezar para que não nos tirem nosso porto...

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